domingo, 26 de dezembro de 2010

Saiu na SUPER...

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A Revista Superinteressante na sua edição verde, de Dezembro, vem com duas informações sobre vigilância que nos interessam de verdade.
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Uma delas é aquela em que se fala de um Site que "permite que qualquer pessoa vigie câmeras de segurança pela Internet - e ganhe até R$ 2.600 se denunciar um crime".

Abaixo transcrevo um trecho da notícia:
Toda grande loja ou supermercado está cheio de câmeras de vigilância. Só que os seguranças, por cansaço ou distração, nem sempre conseguem detectar os furtos. Então que tal transformar essa tarefa numa espécie de gincana virtual? É a proposta do Internet Eyes (interneteyes.co.uk), um site que acaba de ser aberto na Inglaterra e permite que qualquer pessoa vigie as câmeras de diversas lojas e empresas. O usuário precisa se cadastrar (podem participar pessoas de todos os países da União Europeia) e pagar uma taxa mensal equivalente a R$ 5. Feito isso, basta se logar no site, que exibe as imagens de 4 câmeras de cada vez. Os nomes e endereços das lojas não são identificados. A pessoa fica vigiando as câmeras pelo tempo que quiser. Se perceber algo suspeito,  clica num botão - e um alerta imediato é enviado, via SMS, para o dono do estabelecimento comercial. A cada mês, o usuário que tiver detectado mais furtos ganha R$ 2.600. Já quem passar trotes é expulso do site.
Uma das evidências que normalmente se busca para "provar" a existência de uma Sociedade de Controle  entre nós é, justamente, um Poder em Rede. Diferentemente da Sociedade Disciplinar (Sec.18 ao Sec. 20) onde o vigiado seria individualizado, preso dentro de uma cela, por exemplo, no Poder em Rede, os vigiados estariam dispersos espacialmente, tal como nós conectados de uma rede computacional. Assim, "o diagrama em rede permite e estimula a comunicação lateral entre esses nós, de forma que eles mesmos forneçam informações e alimentem o banco de dados". Essa é a ideia de Marco Vinício Zimmer, autor da Tese de Doutorado: O Panóptico está Superado ? Estudo Etnográfico sobre a Vigilância Eletrônica.

Dessa forma, ratificando as ideias de Gilles Deleuze, o autor da Tese reforça que o controle deixa de ter sua origem em apenas um lugar central. A vigilância, a partir da aparição da Sociedade de Controle, emanará de todos os lugares, "como uma rede, sem começo, meio ou fim".

A outra matéria da SUPER é abordando um pouco da velha agonia do governo norte-americano para vigiar a Internet. 

É que um novo projeto de lei está no Congresso dos EUA e prevê o monitoramento de sites e serviços da rede mundial. Obviamente está meio mundo de olho, e reclama da possível regulamentação como contrária a liberdade de expressão, mas o governo de Obama, claro, adverte que a lei é para a proteção da população e contra terroristas apenas.

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A Tese de Marco Zimmer pode ser encontrada no endereço a seguir:


As matérias da Superinteressante só podem ser lidas integralmente na própria revista em papel. Pelo menos neste mês de publicação. Com o tempo as matérias vão sendo disponibilizadas no Site específico.

3 comentários:

O HOMEM REVOLTADO disse...

o mais curioso é que as pessoas sentem "prazer" em vigiar e serem vigiadas...

Jailson disse...

A vigilância é uma patologia. E cara. E ineficiente para o pretendido discurso propalado. E sobretudo, é uma faceta de exercício de poder do ser humano que "coletivizou-se", e não merece a atenção devida dos especialistas no comportamento humano e sua relação com a violência urbana real e a sensação de insegurança disseminada em nome da "notícia".

Damiro disse...

Com toda a apelação dos "big brother" e a exposição televisiva dos "famosos" todos querem aparecer e, quem sabe, ser "descobertos"...
Desta forma, a maioria das pessoas não consegue fazer nenhuma relação com o controle que estão submetidos e defendem esses mecanismos pois dão "segurança".
Lembro de Malatesta quando diz sobre um grupo que ao nascer tinham as pernas amarradas e recebiam as "explicações" de tal atitude pelos doutores, religiosos, políticos.
Enquanto isso, se alguém tentasse convencer que não era natural essas pessoas lutavam para permanecer amarradas, pois aquilo estava naturalizado.