quarta-feira, 2 de março de 2011

MIGRAÇÃO

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Olá,

Estamos migrando do Blogspot para o Wordpress.

O endereço deste blog a partir de agora é o:

http://aeradopanoptico2011.wordpress.com/

Ainda em construção. Neste carnaval aproveitarei os dias de folga para dar uma melhorada no novo blog.

Espero que gostem deste novo endereço que fica mais com uma cara de Site.

um abraço,

                    Carlos Baqueiro

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Recapitulando...

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A professora Mari Fiorelli, na disciplina da qual participei este fim de semana (Arquitetura da Informação), pediu que os seus "alunos" refletissem sobre o trabalho que estavam desejando construir, ou já estavam desenvolvendo.

Além disso pediu a aqueles que já estavam desenvolvendo algo refletissem sobre o que produziam, sobre a extensão do que estavam produzindo não fazendo-os esquecer da necessidade de não tornar difícil o término do trabalho devido a uma possível "grandeza" dos desejos.

Com a supervisão da professora construí um blog no Wordpress com a mesma finalidade deste aqui do Blogspot. Surgiu, com certeza, uma boa tentação a manutenção deste projeto sobre Vigilância e Controle Social no Wordpress.

Por enquanto, deixo a seguir um pequeno resumo de uma introdução ao projeto. E já deixo com aqueles que por aqui navegam o endereço do "novo" blog, solicitando desde já a opinião sobre migração até ele.



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A ideia inicial deste projeto surgiu na disciplina Novas Tecnologias, quando comecei a estudar como o mundo tem mudado desde o aparecimento da Internet. O professor Fernando Firmino solicitou que se escrevesse um artigo acerca dessas Novas Tecnologia, e eu resolvi entender como a Internet se inseriu na vida cotidiana, o quanto ela facilitou a vida de todos com relação a busca de informações, ou na comunicação entre indivíduos e grupos, como auxiliou no aparecimento de redes sociais, ou tantas outras melhorias.

Mas, ao mesmo tempo, não é possível deixar de lembrar que todo este fortuito poder de comunicação que a Internet e todas as novas tecnologias trouxeram, também há um viés negativo em paralelo. O poder que estas tecnologias dão a determinados grupos para implementar sistemas de vigilância e monitoração sobre os indivíduos. Governos, Corporações, e tantas outras organizações utilizando-se da possibilidade de convergência de informações para construção e manutenção de um sistema de controle mais eficiente que antes da existência daquelas novas tecnologias.

Daí o desejo de construir um produto que, utilizando-se das Novas Tecnologias, possa indicar como se encontra este quadro de Vigilância e Controle Social.

O produto pensado inicialmente seria um vídeo.

Dessa forma a criação desse novo produto teria os objetivos de difundir, debater, e ampliar uma discussão sobre o tema, que permita às pessoas a compreensão sobre o funcionamento, tanto de dispositivos disciplinares, quanto da Sociedade de Controle, tal como a define o filósofo Gilles Deleuze.

Esse veículo de comunicação seria um vídeo-documentário, de no máximo 20 minutos, construído a partir de uma pesquisa sobre o tema Vigilância e Controle Social, com fragmentos de entrevistas, reportagens, fotografias, produzidas tanto pelo próprio pesquisador, quanto produzidas pelas mídias já existentes, na TV ou na Internet.

Transversalmente ao vídeo está sendo desenvolvido este blog que servirá tanto como aglutinador e espaço de convergência da pesquisa, quanto local onde se espera que haja interação entre o pesquisador e aqueles que ali navegarem. Como também será espaço de exposição dos fragmentos midiáticos que produzirão o vídeo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Novas Narrativas para uma Reportagem Audiovisual

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O texto a seguir faz parte de um pequeno artigo (6 páginas) produzido para a disciplina Telejornalismo na Era Digital, no Curso de Pós-Graduação de Jornalismo e Convergência Midiática. O link ao final deste texto leva ao artigo completo.

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André Lemos usou o termo Liberação do Pólo Emissor para demonstrar o quanto novas tecnologias do mundo da informática conseguiriam trazer uma maior democratização nas comunicações. Antes da Internet (blogs, chats, redes sociais) as comunicações no mundo real ocorriam através de mídias controladas, ou por grandes corporações, ou pelo Estado. Pouco, muito pouco mesmo, sobrava para alguma comunicação pública alternativa, ou comunitária.

Até início dos anos 2000 a tendência de concentração de poder nas mãos de poucas empresas era indubitável. Hugh Hewitt mostra como em um intervalo de tempo de 20 anos poucas corporações conseguem aquela concentração. Não seria difícil confirmarmos aquela informação ao nos depararmos com o fenômeno de concentração que ocorre no próprio Brasil. Mesmo dentro da própria Internet podemos compreender isso.

Em meados dos anos 90, aqui na Bahia, tínhamos vários provedores pipocando para oferecer serviços de acesso à Internet. Era o período em que tínhamos que nos contentar com velocidades de transmissão de dados de 9.600 bytes por segundo (bps). Apenas como exemplo é possível se lembrar da “E-Net” e da “Servnet”. Até o final dos anos 90 aquelas pequenas empresas regionais foram pouco a pouco sendo fechadas e/ou devoradas pelas grandes empresas de comunicação já existentes.

Globo, UOL, Terra... Todas tentando iniciar novo oligopólio nas novas formas de comunicação, na World Wide Web. Tanto como provedores de sinal quanto como provedores de informação através de seus portais que abocanhariam a maior parte da audiência na Internet, como já o fizeram com as outras mídias, tanto eletrônicas (TV e Rádio) quanto com os meios de comunicação impressos.

Pelo mundo a fora se pode perceber a mesma concentração. A Viacom, por exemplo, consegue, com outras poucas empresas, deter boa parte do provimento de comunicação e informação: desde lojas de empréstimos de fitas VHS e depois DVD e Blue-Ray, passando pela propriedade de estúdios de cinema, indo até a possibilidade de construção de identidades através de canais de TV conhecidos mundialmente, como o MTV.

Da mesma forma que acontecera quando do aparecimento do Rádio, da TV, da TV a Cabo, a aparente democratização que a Internet traria para os meios de comunicação começava a se dissolver devido tanto à formação dos monopólios dentro do mundo da informática (Microsoft, Google, IBM), quanto da dificuldade de inserção e construção de espaços dentro da rede. As ferramentas de construção de sites, por exemplo, eram privilégio de iniciados em linguagens não muito fáceis de digerir como o HTML.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Controle sobre Consumidores

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Não é difícil se perceber como marketeiros e publicitários desejariam penetrar na mente de cada um dos seus possíveis alvos (isto é, consumidores) para saber o que gostariam de consumir, seus desejos, suas necessidades.

Mas talvez, o maior desejo desses profissionais, no âmago de suas consciências, seria influenciar ou persuadir aos consumidores a comprar e usar o que os produtores têm a disposição. Fazendo com que aqueles consumidores amem, adorem, idolatrem aqueles produtos ou marcas.

O objetivo da Revista Surveillance & Society publicada este mês é estudar justamente o fenômeno do crescimento da vigilância e monitoramento dos consumidores por um sistema cada vez mais eficiente quanto a coleta de dados sobre os perfis dos consumidores e sobre as tendências de consumo.

Fizemos a tradução do Editorial da Revista Online e disponibilizamos aqui neste post.

Outros textos, em inglês, podem ser encontrados no seguinte endereço:


Um abraço, e até a próxima Quarta-Feira.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tecnopolítica e Anarquismo

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"Tecnopolítica e Anarquismo" 

19/02 - Sábado, 14h!

Cada vez mais utilizamos as novas tecnologias para nos comunicar, mas
 que acontece quando usamos ferramentas criadas e administradas por
grandes empresas? Você sabia que o YouTube passa a ser dono dos vídeos
que você publica lá? Que o Gmail passa seus dados privados para a
polícia, caso seja solicitado? Que o Facebook pode apagar a tua conta
e os teus contatos se descobre que você não usou seu nome verdadeiro
ou que usa a sua conta com fins politicos?


Venha discutir estas questões e conhecer que alternativas temos, este
sábado dia 19/02, as 14h, na Biblioteca Social Fábio Luz.

Rua Torres Homem 790 - Vila Isabel
Perto do final do Boulevard 28 de Setembro e da Escola de Samba Vila Isabel
Rio de Janeiro - RJ

# ônibus: 232, 433, 222, 438, 638, 269
# metrô: integração Vila Isabel
# trem: estação Maracanã e descer até o final da 28 de Setembro

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vigilância sobre o Consumidor

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O tema Consumismo é bem familiar a autores como Zygmunt Bauman (já apresentado aqui neste blog) e Gilles Lipovetsky (que será apresentado em breve).

É impossível se referir a tal tema sem citá-los.

Mas a Revista Surveillance & Society (online) fez um trabalho excelente ao combinar o tema consumismo ao da vigilância. A publicidade e o marketing não são, há muito tempo, coisa de criança. Essas duas "ciências" nasceram no interior do capitalismo. Da necessidade de fazer com que os indivíduos consumissem: Produtos ou ideias.

A Revista Surveillance & Society publicada semana passada tem a intenção de informar como esse fenômeno se processa atualmente. Com todo aparato tecnológico disponível para os marqueteiros e publicitários.

Trago aqui no post de hoje um trecho traduzido do Editorial da Revista: Marketing e o Crescimento da Vigilância sobre o Consumidor.

No próximo post (após férias bem merecidas de 15 dias) trarei mais trechos daquele editorial.

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Ao longo dos anos, análises de vigilância e teorias sobre prática de marketing abordaram a vigilância comercial e corporativa de consumidores em uma variedade de formas. Em um dos exemplares iniciais para detalhar a vigilância de consumidores, Oscar Gandy confiou no uso do Panóptico de Foucault para descrever práticas corporativas. O texto de Gandy, The Panotic Sort, articula-se em mecanismos que agem como “um tipo de triagem cibernética de alta tecnologia através da qual indivíduos e grupos de pessoas estão sendo classificados de acordo com seu presumido valor econômico ou político” (Gandy 1993, 1-2). Os dados dos consumidores são reunidos e analisados de maneiras que servem para ditar as ofertas corporativas para várias categorias e segmentações de clientela. Essa classificação panóptica explora dados comportamentais passados para estreitar e limitar seletivamente opções apresentadas para transações futuras, tudo isso baseado na identificação, classificação e avaliações de consumidores atuais e potenciais. Esse marketing racionalizado classifica alvos econômicos de alta qualidade e descarta outros na sua trilha discriminatória, existindo, argumenta Gandy, como um sistema de controle anti-democrático.

Essas considerações são depois expandidas em um trabalho posterior no qual ele indica que parte do problema é que a ilusão da escolha é mantida em um pano de fundo de uma faixa de opções que se estreita continuamente (1996). Gandy mostra como a relação entre compradores e vendedores tem se tornado uma transação impessoal controlada pela inteligência cibernética. Ela usa uma coleção de dados pessoais cada vez mais automatizada para presumidamente permitir uma forma de marketing personalizado (ibid.). Em um trabalho posterior de co-autoria com Anthony Danna, a perspectiva de Gandy é aplicada a um elemento chave na Gestão da Relação com o Consumidor, percebendo a exploração de dados como um processo de classificação social. Danna e Gandy (2002) sugerem que as conseqüências sociais de práticas de exploração de dados são consistentemente ignoradas e que essas práticas podem excluir classes de consumidores da total participação no mercado (ver também Zwick e Dholakia 2004a). Eles apelam para que as corporações examinem o custo potencial que essas técnicas discriminatórias terão sobre determinados grupos sociais e sugerem que as corporações precisam considerar mais do que os lucros ao realizarem o marketing com base em práticas de exploração de dados.
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Gandy, O. H. 1993. The Panoptic Sort: A Political Economy of Personal Information. Boulder, CO: Westview.
——. 1996. Coming to Terms with the Panoptic Sort. In D. Lyon and E. Zureik (eds) Computers, Surveillance, and Privacy. Minneapolis: University of Minnesota Press.
——. 2009. Coming to Terms with Chance: Engaging Rational Discrimination and Cumulative Disadvantage. Farnham, Surrey:Ashgate.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mais sobre Controle de Dados na Internet

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Novas notícias a respeito da legislação européia sobre privacidade de dados em redes como a Internet.

Vejam ai embaixo.
A União Europeia vai apresentar um conjunto de normas para a computação em nuvem cobrindo áreas como a proteção de dados, privacidade e abordagens comuns para o desenvolvimento da cloud. Em discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a comissária europeia para o digital, Neelie Kroes, afirmou que essas são algumas das principais questões enfrentadas na computação em nuvem e que a própria União Europeia tinha um papel a desempenhar no processo.

"Esta é uma situação complexa e ninguém pode ter todas as respostas. E a computação em nuvem, vai acontecer de qualquer maneira”, disse. "A UE tem um papel a desempenhar: podemos ajudar a fazer isso acontecer de forma mais suave ou rápida”.

Com tantos governos à procura de formas para cortar os gatos públicos, Kroes apontou a redução de custos com tecnologia como um bom passo, mas alertou que isso não significaria relaxar outras salvaguardas. “Como utilizadores da cloud, incluindo organizações do setor público, olhe-se para uma esperada economia com ganhos de produtividade em toda a economia europeia. Um claro papel dos governos é também garantir que as conquistas europeias, como a proteção efetiva dos dados e o mercado único, não se choquem com a computação em nuvem”, disse.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mais proteção para dados na internet

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O texto que reproduzo hoje aqui aborda a possível nova regulamentação acerca da proteção de dados no Brasil. Algo que já vem sendo legislado em países europeus a bastante tempo.

Leiam. E até o próximo Domingo.

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Apesar da previsão constitucional que protege a intimidade dos cidadãos, o Brasil é um dos poucos países com expressividade econômica na América do Sul que ainda não tem lei específica para proteção de informações pessoais em bancos de dados. Atento a essa necessidade, o Ministério da Justiça iniciou em dezembro de 2010 uma consulta pública sobre o anteprojeto de lei que pretende garantir a proteção de dados pessoais, inclusive na internet. Apesar de bastante técnica, a proposta tem sido elogiada, pois deverá regular redes sociais e dados de proteção ao crédito. O desafio, segundo especialistas, é fechar o texto o mais rápido possível, para que possa ser encaminhado ao Congresso Nacional.

O debate sobre a proposta de proteção de dados pessoais está sendo feito por meio de um blog da plataforma pública Cultura Digital. O encerramento da consulta pública estava marcado para o dia 31 deste mês, porém, foi prorrogado para 31 de março. Com a lei, o governo pretende criar um marco regulatório e o Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais para gerenciar o uso e a divulgação de informações como endereço pessoal, número de documento do cidadão, situação de crédito e até os chamados "dados sensíveis", entre eles a opção religiosa e sexual.


Hoje, muitos desses dados são fornecidos ao governo, a empresas ou a sites na internet pelo cidadão e, posteriormente, usados sem o seu conhecimento. Há casos de empresas que vendem ou cedem a terceiros dados pessoais de seus clientes sem autorização. A partir da aprovação da lei, as pessoas terão de dar o seu consentimento para que qualquer empresa ou banco possa utilizar as suas informações. A regra vai valer também para multinacionais.

De acordo com o doutor em Direito Civil Danilo Doneda, consultor do Ministério da Justiça e um dos responsáveis pela elaboração do anteprojeto, a proposta não se baseia na ideia de "silêncio", ou seja, de sigilo dos dados pessoais, mas sim de controle. Numa compra feita a prazo, em que é necessário cadastro do consumidor, a empresa terá de pedir autorização expressa para usar as informações e dizer o que vai fazer com os dados.

"O consumidor tem de ser informado das consequências da compra e o motivo de as informações serem solicitadas. Em compras feitas à vista, ele não precisa informar o quanto ganha, por exemplo. Entendo que este caso fere o princípio da proporcionalidade, pois ninguém pode pedir mais informação do que a necessária", explicou.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mídia & Controle Social II

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Qual seria o objetivo de mídias alternativas às atuais mídias de massa, propriedades de poucas famílias ou corporações?

Talvez mostrar como as elites dominantes criam e manipulam aquelas mídias ao seu bel prazer contra as classes trabalhadoras. Quem sabe para apresentar um outro discurso sobre a mídia de massa ao qual a maioria das pessoas não está acostumada a ler ou ouvir. Serviriam também, por exemplo, como espaço criativo, onde estudantes e profissionais da área de comunicação, poderiam compreender certos aspectos que envolvem a natureza dos meios de comunicação de massa, como, por exemplo, sua influência sobre a população, como formadora de opinião.

Nestes espaços poderemos discutir, por exemplo, de que forma a mídia de massa serve de mecanismo de difusão ideológica, como esclarece o sociólogo Pierre Ansart : “De fato, uma ideologia sistemática será incessantemente difundida por esses grandes mediadores dos significantes políticos, ideologia conforme a estrutura da propriedade, incitando à conformidade com a ordem estabelecida e a ver a política como um espetáculo pouco sério”.

Ou debater, também, porque aquela mesma mídia de massa se encontra do lado dos poderosos, cujos interesses, segundo o historiador francês Georges Duby, “encontram-se servidos por modelos ideológicos mais bem armados que os outros, e geralmente dão-se ao luxo, na medida em que sua superioridade material lhes parece mais segura, de encorajar as inovações no campo da estética e da moda. Contudo, no fundo delas próprias, mostram-se atentas a se defender contra todas as mudanças menos superficiais que poderiam vir a colocar em questão os poderes e vantagens que detêm”.

É possível evidenciar as posições acima descritas, por parte de quem domina a sociedade em que vivemos, a partir da compreensão do que fazem as mídias de massa em determinados momentos da vida urbana. Durante uma greve, por exemplo.

Ali, podemos perceber, em qualquer pesquisa que fizermos, quanto mais radicais as movimentações, mais tendenciosas são as respostas das mídias de massa, e de seus interlocutores, os jornalistas.

Talvez por temor de que aquele tipo de luta permita que se rompa o véu da alienação social, revelando o caráter superficial e dissimulado das ações e discursos dos “dias comuns”, mesmo que temporariamente.

Pois aquele tipo de luta tende a permitir que os sujeitos, que dela participam, adquiram a partir da sua experiência, e do emaranhado de discursos produzidos dentro dela, a capacidade de produzir novas ações, novas significações e de enfrentar criticamente os discursos entre os quais circulam, levando-os a serem donos de sua própria voz.

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Texto reproduzido do blog Mídia Rebelde de 29 de Fevereiro de 2008

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mídia & Controle Social I

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"Ir para onde está o silêncio. Esta é a responsabilidade de um jornalista: dar voz àqueles que foram esquecidos, abandonados, afastados pelo poder. Essa é a melhor razão que conheço para carregar nossas canetas, câmeras e microfones em nossas próprias comunidades e pelo mundo afora". Esta é uma citação do livro Corrupção à Americana, de Amy Goodman, Editora Bertrand Brasil, publicado em 2005. .

Concordo completamente com a autora, jornalista da organização Democracy Now, que faz uma crítica feroz ao atual governo americano, com relação a sua presença no Iraque, e a governos anteriores, acerca da posição americana quanto ao Timor Leste, por exemplo. .

Mas, obviamente, isto é uma escolha. É a partir dessas escolhas que o jornalista constrói sua agenda de notícias e assuntos a serem debatidos em seus textos. E, quando falo de escolhas, também falo de escolhas editoriais, que, normalmente, refletem as posições dos editores ou proprietários dos jornais. .

Vou me aproveitar mais uma vez da revista semanal Época, de 21 de maio de 2007, para demonstrar como penso que isso funciona de uma forma prática e rotineira. Peguei essa revista e me fixei a seus colunistas ("Nossos Colunistas"). Gustavo Franco, Max Gehringer, Fareed Zakaria e Ricardo Freire. .

Tive a impressão, ao terminar de ler os quatro artigos, de estar vivendo em um mundo de uma só direção. Talvez o chamado mundo de um só pensamento. Os títulos já demonstram boa parte do que será o resto do texto: Sete idéias ruins para jogar fora; O fruto do trabalho... alheio; É errado ter medo do livre-comércio; e finalmente, Os segredos para voar pagando pouco. 

Em todos os artigos é possível perceber que seria bom para o mundo que o Deus Mercado fosse respeitado, que as leis trabalhistas fossem flexibilizadas, que se deve desonerar as empresas privadas dos impostos, que os trabalhadores devem competir dentro das empresas para que vença o melhor... 

Se agregarmos a isso algumas das entrevistas, teremos pérolas de defesa do sistema neoliberal, onde o que importa é a livre competição que sempre trará, na opinião dos entrevistados, o progresso e o sucesso. Como em trecho da entrevista de Ian Bremmer, onde ele diz que "há uma crescente convergência entre esquerda e direita no país sobre a necessidade de conduzir reformas no sistema de aposentadorias e nas finanças públicas". Dá prá perceber pelo resto do texto que a "convergência" a que ele se refere é aquela que tira os direitos dos trabalhadores e, mais uma vez, desonera um tal de "Custo Brasil". 

Tudo bem que a revista não é nenhum órgão de imprensa de agrupamento de esquerda, mas bem que eu gostaria de, de vez em quando, ler opiniões contrárias a toda essa linha editorial, que privilegia os textos pró-reformas, esquecendo-se dos "esquecidos e abandonados" trabalhadores. 

Outro dia uma professora me disse que eu estava muito pessimista a respeito do mundo, pois privilegiei, em projeto de pesquisa, algumas citações que viam o mundo num beco quase sem saída. Mas não é essa uma das maneiras de começarmos a querer uma mudança ? 

Para encerrar este post deixo aqui uma daquelas citações, que admiro pela simplicidade e clareza, de Ignácio Ramonet, diretor-presidente do Le Monde Diplomatique, encontrada no livro Ensaios sobre o Neoliberalismo, da Editora Loyola: 

"Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião". 

Texto originalmente postado no blog
em Maio de 2007

domingo, 16 de janeiro de 2011

Orwell e Huxley estavam certos

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2011: A Brave New Dystopia
by Chris Hedges


As duas grandiosas visões sobre uma futura distopia foram as de George Orwell em 1984 e de Aldous Huxley em Brave New World. O debate entre aqueles que assistiram nossa decadência em direção ao totalitarismo corporativo era sobre quem, afinal, estava certo. Seria, como Orwell escreveu, dominado pela vigilância repressiva e pelo estado de segurança que usaria formas cruas e violentas de controle? Ou seria, como Huxley anteviu, um futuro em que abraçariamos nossa opressão embalados pelo entretenimento e pelo espetáculo, cativados pela tecnologia e seduzidos pelo consumismo desenfreado? No fim, Orwell e Huxley estavam ambos certos. Huxley viu o primeiro estágio de nossa escravidão. Orwell anteviu o segundo.

Temos sido gradualmente desempoderados por um estado corporativo que, como Huxley anteviu, nos seduziu e manipulou através da gratificação dos sentidos, dos bens de produção em massa, do crédito sem limite, do teatro político e do divertimento. Enquanto estávamos entretidos, as leis que uma vez mantiveram o poder corporativo predatório em cheque foram desmanteladas, as que um dia nos protegeram foram reescritas e nós fomos empobrecidos. Agora que o crédito está acabando, os bons empregos para a classe trabalhadora se foram para sempre e os bens produzidos em massa se tornaram inacessíveis, nos sentimos transportados do Brave New World para 1984. O estado, atulhado em déficits maciços, em guerras sem fim e em golpes corporativos, caminha em direção à falência.
Orwell nos alertou sobre um mundo em que os livros eram banidos. Huxley nos alertou sobre um mundo em que ninguém queria ler livros. Orwell nos alertou sobre um estado de guerra e medo permanentes. Huxley nos alertou sobre uma cultura de prazeres do corpo. Orwell nos alertou sobre um estado em que toda conversa e pensamento eram monitorados e no qual a dissidência era punida brutalmente. Huxley nos alertou sobre um estado no qual a população, preocupada com trivialidades e fofocas, não se importava mais com a verdade e a informação. Orwell nos viu amedrontados até a submissão. Mas Huxley, estamos descobrindo, era meramente o prelúdio de Orwell. Huxley entendeu o processo pelo qual seríamos cúmplices de nossa própria escravidão. Orwell entendeu a escravidão. Agora que o golpe corporativo foi dado, estamos nus e indefesos. Estamos começando a entender, como Karl Marx sabia, que o capitalismo sem limites e desregulamentado é uma força bruta e revolucionária que explora os seres humanos e o mundo natural até a exaustão e o colapso.

O partido busca todo o poder pelo poder, Orwell escreveu em 1984. Não estamos interessados no bem dos outros; estamos interessados somente no poder. Não queremos riqueza ou luxo, vida longa ou felicidade; apenas poder, poder puro. O que poder puro significa você ainda vai entender. Nós somos diferentes das oligarquias do passado, já que sabemos o que estamos fazendo. Todos os outros, mesmo os que se pareciam conosco, eram covardes e hipócritas. Os nazistas alemães e os comunistas russos chegaram perto pelos seus métodos, mas eles nunca tiveram a coragem de reconhecer seus próprios motivos. Eles fizeram de conta, ou talvez tenham acreditado, que tomaram o poder sem querer e por um tempo limitado, e que logo adiante havia um paraíso em que os seres humanos seriam livres e iguais. Não somos assim. Sabemos que ninguém toma o poder com a intenção de entregá-lo. Poder não é um meio; é um fim. Ninguém promove uma ditadura com o objetivo de assegurar a revolução; se faz a revolução para assegurar a ditadura.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mídia, Controle e Guerras

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O vídeo a seguir é a primeira parte do filme que tem a direção de John Pilger. Um documentário que tenta explicar como a grande mídia (e seus proprietários) controla a sociedade, a partir da análise de como ela faz para iniciar e consolidar guerras.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Identificando Padrões de Comportamento

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Texto encontrado na Revista Galileu (online) demonstra como estamos cada vez mais sendo observados "para o nosso próprio bem", como diria o Grande Irmão. E o quanto as técnicas de vigilância encontram-se avançadas para que o controle do Estado (ou de quem quer que seja) sobre o indivíduo seja cada dia mais eficaz.
Agentes de presídios dos Estados Unidos estão testando câmeras de segurança com um software capaz de identificar comportamentos que antecedem uma rebelião de presos ou briga de gangues, segundo o jornal The New York Times. As câmeras enviam as imagens a um programa de inteligência artificial que analisa os rostos, gestos e ações. Quando o equipamento identifica um padrão de comportamento que normalmente antecede brigas, ela dá um alerta aos guardas para que tentem acalmar os ânimos dos prisioneiros. O sistema faria o mesmo trabalho dos vigias das prisões, mas não tem descanso, não se distrai na hora do café e liberaria os funcionários para outras atividades.

A inteligência artificial interpretando as ações humanas também pode ser usada em hospitais. A General Electric desenvolveu um sistema de câmeras que poderia, por exemplo, monitorar pacientes e ainda alertar funcionários que se esqueceram de lavar as mãos.

E não pense que estas tecnologias estão muito distantes de você. Na casa de milhares de pessoas já existe um aparelho que entende seus movimentos. O Kinect, sensor de movimentos criado pela Microsoft para o game Xbox, já "lê" os movimentos do corpo do jogador e passa as informações para dentro da máquina. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Espionagem baratinha

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Imagine ai. Você chama um colega de trabalho para uma festa. O cara está deprimido. Você enche ele de cachaça. Depois começa uma conversa que faz com que ele se declare homossexual. E você teve a oportunidade de gravar tudo com o relógio/câmera que você comprou baratinho numa dessas lojas virtuais na Internet. Agora você vai poder sacanear o colega em seu local de trabalho. Maravilha, né ? Olha o reloginho ai embaixo na foto.
Imagine mais um pouquinho. Você está indo conversar com o seu chefe. Aquele que você odeia. Aquele que lhe humilha. Que lhe ofende todos os dias. E que lhe paga uma migalha. Vai participar de uma reunião com ele e com outros diretores da fábrica. E vai ter a chance de vê-lo abordando os problemas que a fábrica poderia ter com o Ministério Público se alguns pormenores da produção fossem descobertos. Você resolve levar uma canetinha de bolso, que grava vídeo e áudio. Bacaninha. Vai ser sua vingança. A canetinha é barata e não se diferencia em nada de uma comum. Olha a foto de uma ai embaixo.


Vamos continuar imaginando mais um pouquinho. Agora você todo desconfiado de sua esposa, ou de seu marido, resolve saber com certeza se ela vai mesmo ao dentista, toda quarta-feira a tarde. Vai contratar um detetive ? Coisa antiga. Você compra um mini-rastreador GPS. Coloca dentro do carro, sem que ela/ele desconfie. Ai, é só fazer as conexões necessárias e seu celular ou seu computador pessoal se tornarão sua ferramenta diária de controle de sua esposa /marido. Olha como o negocinho funciona na figura abaixo.


Ummm... mundinho cheio de possibilidades, não é ? E então ? Era esse mundo "utópico" que você imaginava quando era criança, assistindo a algum daqueles filmes de ficção científica com histórias de Isaac Asimov, ou de Ray Bradbury ?

Vai pensando ai. E até domingo que vem.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Nada a temer ?

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Nem sempre é possível se pensar apenas positivamente no começo de um ano. O que seria da vida se não fossem os pessimismos ? Como perceberíamos que as coisas não vão bem, se olhássemos o mundo como se apenas existissem flores, cores e alegria ?

Infelizmente, o otimismo vem entranhado de um boa dose de alienação e manipulação.

Nos dias de fim de ano o Jornal Nacional, por exemplo, nos mostrou como a população do Rio de Janeiro deve ficar feliz a partir de agora, pois já há um sistema de controle da cidade, comparado ao de cidades do Primeiro Mundo. A partir de uma grande sala, já é possível controlar, com uso de câmeras e outras formas de monitoramento, toda a cidade carioca. Eufemismos.

Jornalismo e Publicidade dando tons coloridos ao cinza do Controle Social.

Normalmente tomamos contato com as possibilidades distópicas (o contrário de utópicas) com os artistas. Aquelas mentes que flutuam do presente em direção ao futuro, tentando prever onde chegaremos se nos mantivermos no mesmo caminho.

O vídeo a seguir nos adverte de um possível futuro. Mas esse futuro não é, absolutamente, inevitável.


By Simon Russell
simonrussell.blogspot.com

O vídeo encontra-se no endereço seguinte:
http://www.vimeo.com/17593192