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Em 1995, o historiador Eric Hobsbawn, no seu livro Era dos Extremos, já criticava a tendência à superficialidade em um mundo atual tão repleto de informações. E, ao mesmo tempo, dava a receita para que as novas gerações pudessem religar suas vidas ao seu passado histórico.
Em 1995, o historiador Eric Hobsbawn, no seu livro Era dos Extremos, já criticava a tendência à superficialidade em um mundo atual tão repleto de informações. E, ao mesmo tempo, dava a receita para que as novas gerações pudessem religar suas vidas ao seu passado histórico.
A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores.
Pierre Bourdieu, sociólogo francês, já abordava um pouco antes de Hobsbawn o que nomeou de “fast-thinking”, nada mais, nada menos, que o processo ao qual um ser humano pretensamente normal (de acordo com os editores de jornais) tem de se acostumar vendo e ouvindo dezenas, ou centenas de novas notícias todo dia. Notícias descontextualizadas, e desconectas, com uma profundidade quase nula. Fatos cada vez mais superficiais, particularmente mostrados em TVs, para “facilitar” o entendimento daquele que é considerado o alvo da informação.
Já há estudiosos radicais que ligam ferramentas como o Google ou o Twitter a uma espécie de narcotização neurológica, a partir de uma sistemática distração do cérebro a partir de muita informação, com pouca densidade. Essas ferramentas, segundo Nicholas Carr, neutralizariam a capacidade de criação do ser humano fazendo com que deixemos “de ser cultivadores de conhecimento pessoal e a transformarmo-nos em caçadores e recolectores na floresta das informações eletrônicas”.
Não é difícil perceber certa verdade nessas afirmações para quem convive em escolas e faculdades, apenas como exemplo. Não é de forma alguma trabalhoso se conseguir uma série de exemplos de professores que tenham encontrado trabalhos copiados da Internet, em sua totalidade, por alunos, com base em pesquisas do Google e uma técnica conhecida como “copiar-colar”.
Aproveitando a citação do Google é importante notar que não é improvável também que neste momento uma nova espécie de Memória Integral já esteja sendo construída, a mercê dos indivíduos. E não se deve esquecer de que quando se fala em Google não é com referência a apenas a ferramenta de buscas gratuita, mas sim como empresa capitalista que tem como matéria prima e produto a informação. Esta possui uma infinidade de ferramentas: Busca de Textos, Mapas, GPS, Tradução, Hospedagem de Vídeos, servidor de e-mail, e tantas outras.
O Google Search, por exemplo, permite construir, a partir de dados compilados, perfis de consumo, a partir das pesquisas solicitadas diariamente por qualquer usuário. Os dados guardados não estão sob o controle de cada indivíduo a quem deveria “pertencer” as informações. Pedro Doria, em reportagem na Revista Galileu, deixa claro:
Na Googlelândia, a liberdade é plena, porém vigiada. A empresa registra tudo o que escrevem, o que fazem e o que compram os usuários. Mas o lema oficial da companhia é: “Não faça o mal”. De pronto, argumenta que, quando o sistema vasculha as mensagens do Gmail, por exemplo, é para oferecer a você as propagandas que mais possam interessá-lo.
2 comentários:
FICO IMAGINANDO TODA ESTA VIGILÂNCIA DAQUI A 10 OU 15 ANOS. ESTAREMOS SENDO OBSERVADOS 24 HORAS POR DIA. ATÉ OS SONHOS DEVERÃO SER MONITORADOS, EM NOME DAS DOUTRINAS DE SEGURANÇA.
TRISTE.
oLÁ, Carlos.
Agora vi que estamos mesmo "atolados" num grande lamaçal. E fica até difícil de se mover prá tentar sair.
bj,
Cida
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