quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre a Tele-Vigilância

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Nos últimos 3 posts publicados aqui tenho abordado a questão de Câmeras encontradas em banheiros de uma escola do Rio de Janeiro.

Podemos perceber, até mesmo pelos comentários recebidos, que há uma grande dubiedade na relação entre as câmeras e as necessidades da sociedade no que se refere à segurança. Na realidade, talvez possamos falar em paradoxo. Pois se deseja mais segurança, que aparentemente seria conseguida com as câmeras de vigilância, mas, ao mesmo tempo, se quer manter a privacidade dos indivíduos (mesmo que apenas em pequenos espaços).

Em artigo de Leonardo Teixeira de Mello de 2006 encontrei uma boa dose de informações que podem diminuir um pouco nossas dúvidas a respeito da Tele-Vigilância.

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Hoje em dia, pode-se falar que a vigilância se tornou demasiadamente presente nas mais diversas cidades, sendo a proliferação de câmeras de vídeo em inúmeros ambientes um dos exemplos mais significativos e reveladores desse processo de monitoramento e de controle dos espaços urbanos. “Agora, tornou-se virtualmente impossível se mover pelo espaço público (e, progressivamente, no privado) sem ser fotografado ou filmado”, constatam Norris e Armstrong acerca do avanço dos sistemas de vigilância na sociedade britânica. De fato, começa a se configurar, de uma forma ainda mais intensa, uma espécie de policiamento, no sentido de auscultar, monitorar os indivíduos e os espaços, onde toda a intimidade, bem como toda obscuridade, cederiam lugar ao esclarecimento e à superexposição de detalhes.
A crescente utilização dessas câmeras de vídeo nos mais variados espaços urbanos reflete a generalização em curso da tele-vigilância, a qual se torna, dentre outras considerações, o fenômeno securitário de controle das cidades. A partir desta que seria compreendida como uma vigilância televisual, comum não só a Berlin de Michael Klier ou às cidades inglesas descritas por Norris e Armstrong, mas também a outros sítios urbanos nas mais diversas localidades, observa-se o surgimento de um novo território, de uma verdadeira “vídeo-cidade”. Um território cujo volume material, em uma certa perspectiva, é substituído progressivamente por informações eletrônicas instantâneas dos sinais de vídeo.
Um dos objetivos propostos por essa tele-vigilância em tempo real seria tornar sua presença não mais ocasional e sim pesar em permanência sobre as ações dos indivíduos. Abandona-se a idéia de uma repressão exercida pontualmente pelos agentes mais fortes ou mais numerosos em proveito de uma vigilância imanente aos espaços, onde a conscientização dos indivíduos de que sempre se pode ser observado os afastaria das práticas delituosas, das ilegalidades.
(Então, compilando tudo que falou, ele cita os autores VITALIS, A. & HEILMANN, E.)
"Quando os indivíduos se sentem vigiados pelas câmeras, mesmo que não exista ninguém na régie, há um condicionamento e há uma espécie de comando. A vídeovigilância é um comando de comportamentos. Ao mesmo tempo que ela dissuade os delinqüentes, ela modifica os comportamentos de todo mundo".
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O texto completo encontra-se no endereço a seguir:

Um comentário:

Anônimo disse...

Os legisladores legalizam os dispositivos de vigilância sem qualquer debate público. Aliás, o único "debate" é da Rede Globo e outras sempre colocando a necessidade das Câmeras (no máximo como um mal necessário). As câmeras já são encontradas em todas as capitais, as tornozeleiras já podem ser usadas a vontade, microfones e microcâmeras já são usadas e abusadas pelo "jornalismo".

Affff... estamos fudidos. Orwell deve mesmo estar inquieto em seu caixão.

ass. bia soares