quarta-feira, 12 de maio de 2010

Uma Tarde no Shopping Center

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Hoje eu gostaria de fazer um exercício de imaginação com aqueles que passam por aqui e têm a coragem e a paciência de ler um pouco sobre um assunto que, talvez, não seja tão excitante quanto sexo, amor, crimes, e futebol.

Imagine-se dentro de uma loja do Shopping que você mais gosta de visitar. Uma livraria. Câmeras pela loja. De olho em você também. Se forem câmeras “inteligentes”, do tipo daquelas que existem no aeroporto de Londres, que conseguem “captar” a cor dos olhos, a cor da pele, feições tristes ou preocupadas, é até capaz de se fixarem em determinados grupos de pessoas (e deixarem você de lado).

Você vai a um computador daqueles em que se podem pesquisar quais livros são de seu interesse. Você começa sua pesquisa por assunto. Digita “B-O-M-B-A”.

Dentro do Shopping Salvador eu não sei, mas se tivesse em uma livraria dentro de um shopping nova-iorquino por esses dias seria bem capaz de existir uma câmera que tiraria sua foto. Ou algum cara todo de preto, todo mal encarado (óculos preto, daqueles que o pessoal do SNI/CIA, na época da Ditadura gostava de usar) pegaria em seu ombro solicitando sua identificação.

Imagina o que aconteceria até você explicar que estava querendo entender mais de “bombas” porque está com problema de falta de água em sua casa, e quer encher seu tanque em cima da laje com água de seu próprio poço.

Mas não imaginemos tanta coisa ruim. Ainda estamos em Salvador. Por enquanto, só filmagem. Quer dizer, fora o escaneamento na hora de sair da loja. Lembra daquelas “tábuas” que ficam na saída das lojas ? São tipos de “scanner” que “visualizam” se a gente vai surrupiando coisas que não compramos.

Nossa. Sempre passo por aquelas coisas com medo de apitar e vir um sujeito vestido de preto me revistar. Fico com receio do pessoal da loja não ir com a minha cara (principalmente se eu estiver com alguma de minhas camisetas furadas) e ajustar manualmente algum dispositivo para a “zorra” apitar.

Ah. Nem lembrei. Se você comprar alguma coisa, seja um sapatinho, uma calça, uma camisa “xique” de marca, uma revista... No cartão... A operadora do cartão, obviamente sem informar a você, o colocará em um banco de dados de compradores de alguma dessas bugigangas e você começará a receber em casa ou no seu e-mail (sem entender o porquê) releases e folders dos fabricantes daquele tipo de produto comprado.

É isso... Era só esse exercício de imaginação que eu gostaria que todos fizessem, e continuassem fazendo.

A idéia é essa mesmo. Perceber o quanto a gente está sendo vigiado no nosso dia-a-dia. Não que seja uma coisa de outro mundo. Que vai lhe prejudicar em curto prazo de alguma maneira.

Mas é importante perceber que muito desta vigilância se agrega a espécies de controle, e nem somos informados que ela existe. Ou seja, podem nos controlar sem que estejamos cientes de como limitar este poder.

4 comentários:

Anônimo disse...

é uma apena que essa simulação não seja um mero exercício intelectual, mas um sonho ()que tornou-se a realidade em nosso cotidiano...

realidade que a cada segundo se desenvolve em função da internalização da vigilância promovida pelo Estado.

até sedimentar-se como controle individual e torne-se um paradigma de consumo para o capitalismo humanizado.

chico do bate-facho

Anônimo disse...

oLÁ,
Fiz uma compra de um valor razoável na Segunda-Feira. Desde Terça-Feira estou a receber ligações de meio mundo de banco prá fazer cartão novo. É American Express, é Itau... além de gente querendo que eu mude de operador de celular. Já me ligaram de segunda até ontem 3 empresas diferentes. Aff... e eu tava me achando paranóica. ha, ha, ha.
Que baixaria, viu ?
bjs e sucesso.

Anônimo disse...

Sim, é muito desagradável a idéia de ter que lembrar o tempo todo que estamos sendo vigiados, ou seja, a princípio todos temos má índole!
Esta semana recebi um telefonema de uma imobiliária. Um homem me disse que eu tinha o perfil para o consumo do bem que ofertava, consultou meu "cadastro". Hora, nunca ouvi falar da tal imobiliária e já possuo um cadastro...
Rios.

Anônimo disse...

O patético em tudo isso, Baqueiro, é que nossa vida está se tornando tão pública que já nem está valendo mais ser vivida. Num momento estamos vigiados e em outro estamos lutando contra quem nos vigia.
Não sobra mais tempo para se viver.

tonY Pacheco