Gilles Deleuze e seus Reflexos
O filósofo Gilles Deleuze em certo ponto da década de 90 disse o seguinte:
"Diante das próximas formas de controle incessante em meio aberto, é possível que os mais rígidos sistemas de clausura nos pareçam pertencer a um passado delicioso e agradável".
Aproveitamos os conhecimentos de Acácio Augusto sobre aquele autor para questioná-lo sobre como ele via a questão da Sociedade de Controle.
Acácio é autor do livro Anarquismos & Educação, junto com Edson Passetti. Também escreveu o artigo Para além da prisão-prédio: as periferias como campos de concentração a céu aberto, na revista online Observatório das Metrópolis.
Seria uma espécie de pessimismo nas análises de Deleuze sobre a Sociedade do Controle, nos anos 90, que hoje vemos fluindo como a realidade das favelas cariocas, ou na periferia de Salvador, ou qualquer outra grande cidade ?
As modificações urbanísticas, as políticas pacificadoras (com mais policiamento e mais vigilância) naquelas grandes cidades são na realidade apenas parte de uma complexa construção e manutenção das sociedades de controle a que Deleuze se referia ?
Questionamos e ele nos respondeu. Veja o vídeo que segue.
No próximo Domingo continuo a apresentação da conversa que tive com Edson Passetti e Acácio, em seu apartamento no bairro da República em São Paulo. O encontro aconteceu no dia 17 de Outubro, no final da tarde de um outro Domingo.
Um comentário:
Deleuze disse:
"Não há necessidade de ficção científica para se conceber um mecanismo de controle que dê, a cada instante, a posição de um elemento em espaço aberto, animal numa reserva, homem numa empresa (coleira eletrônica). Félix Guattari imaginou uma cidade onde cada um pudesse deixar seu apartamento, sua rua, seu bairro, graças a um cartão eletrônico (dividual) que abriria as barreiras; mas o cartão poderia também ser recusado em tal dia, ou entre tal e tal hora; o que conta não é a barreira, mas o computador que detecta a posição de cada um, lícita ou ilícita, e opera uma modulação universal."
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