domingo, 11 de abril de 2010

A Sociedade da Vigilância

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Não podemos deixar que o medo, a insegurança, e os discursos policialescos em prol da eficiência da segurança, tomem conta da política pública e se permita uma vigilância generalizada em torno das ações individuais.

Não é difícil se encontrar estatísticas que comprovem o desejo de boa parte da sociedade de permitir a vigilância em detrimento da sua privacidade, ou de ações de controle social anti-democráticas por parte dos governos, em nome da luta contra o terrorismo, por exemplo.

A Revista norte-americana Popular Mechanics, em reportagem intitulada “Sociedade da Vigilância: Novas Câmeras High-Tech Estão Observando Você”, lembra pesquisa efetuada entre os norte-americanos em julho de 2007 onde 71% dos entrevistados eram a favor do aumento de vigilância eletrônica através de câmeras.

Segundo a revista já eram estimadas, naquele momento da publicação, 30 milhões de câmeras em redor dos Estados Unidos. E finaliza: “Os americanos estão sendo observados. Todos nós. Em quase todos os lugares”.

Um dos entrevistados na reportagem chega a dizer que “nós estamos entrando na Era da Vigilância a qualquer preço”, lembrando ter visto uma placa de advertência em uma pequena pizzaria: “Pare de roubar os frascos de temperos! Nós sabemos quem é você, nós temos vigilância 24 horas!”.

Críticas a este estado de coisas podem ser encontradas na Internet, ou nas pesquisas acadêmicas (que dificilmente chegam a sair dos muros das Universidades). Um ou outro canal de TV monta pequenas reportagens sobre as questões da vigilância, mas quase sempre conduzindo seus espectadores a aceitarem as câmeras, os GPSs, ou quaisquer outros dispositivos, como necessários e naturais às condições sociais atuais.

Percebendo este tipo de condução por parte da grande mídia, e do mundo acadêmico, o pensador contemporâneo, Ignacio Ramonet, diretor do jornal francês (traduzido e publicado em várias línguas) Le Monde Diplomatique, sempre tem mostrado que visões críticas do mundo não servem de nada se nos levam a um beco sem saída. Participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou, em entrevista a João Alexandre Peschanski:
Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muitos fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto.
Na próxima quarta-feira não devo postar (farei uma pequena cirurgia), voltando apenas no Domingo que vem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Michel Foucault:

“Gostaria de dizer algo sobre a função de cada diagnóstico e sobre a natureza do presente. (...)

Toda descrição deve concordar sempre com a noção de rupturas virtuais que abrem os espaços de liberdade entendidos como um espaço de liberdade concreta, ou seja, de mudança possível.”

Colin Ward :

“ (...) obviamente que toda uma série de vitórias parciais e incompletas, de concessões obtidas daqueles que detêm o poder, não será o suficiente para levar a uma sociedade anárquica.

Mas ampliará o alcance do livre agir e o potencial de liberdade na sociedade que temos.”