domingo, 14 de março de 2010

O Drama do Panóptico

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Fonte: http://bloglideranca.files.wordpress.com
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O Panóptico como já afirmei anteriormente surge devido ao desejo desenvolvido por Jeremy Bentham de conseguir uma resposta eficiente que produzisse um novo ordenamento, racional e jurídico, a uma sociedade que a cada dia que passava (Inglaterra dos anos finais do Sec. XVIII) tolerava menos os improdutivos, os vadios, os delinquentes.

Além do que o "Homem Racional", representação característica do Século das Luzes, não via mais com bons olhos os castigos "clássicos" (como podemos ler no capítulo introdutório de Vigiar e Punir de Michel Foucault).

Portanto era necessário estabelecer métodos e dispositivos que facilitassem o controle, por exemplo, sobre homens e mulheres presas em penitenciárias (cada dia mais lotadas e cheias de corrupção), sobre os loucos nos hospícios, ou sobre crianças e adolescentes nas escolas.

No livro já citado na postagem anterior, em texto complementar (posfácio da edição francesa de 1977), O Inspetor Bentham, a historiadora Michelle Perrot nos conduz a uma análise crítica do Panóptico, dispositivo considerado ideal por Bentham para vigilância e controle em espaços fechados.

Trago aqui parte deste texto para o deleite daqueles que por aqui navegam.

Boa leitura e Quarta-Feira volto a postar.

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O Panóptico exerce na vida e obra de Bentham um lugar considerável.

Durante vinte anos, a realização de tal projeto foi sua maior obsessão, uma espécie de idéia fixa que por vezes surpreendeu seus amigos e foi até tachada de loucura. Tornar-se diretor de um cárcere modelo, responsável por uma torre de controle, por um local de observação, foi sua maior ambição - por ela se arruinou.

É que o inspetor central encarnava, muito mais do que um guarda de prisão, a imagem mesma do poder, fundamentada numa grande convicção no poder da educação e da disciplina.

Para Bentham "se encontrarmos um meio de controlar tudo o que pode acontecer a um certo número de homens, de dispor de tudo o que os rodeia, de modo a causar neles a impressão que queremos produzir, de assegurarmo-nos de suas ações, de suas ligações, de todas as circunstâncias de sua vida, de maneira que nada possa escapar nem opor-se ao efeito desejado, não podemos duvidar que um meio dessa espécie será um instrumento muito enérgico e muito útil que os governos poderiam aplicar a diferentes objetivos da maior importância”.

Grandiosa abertura de toda uma literatura totalitáría, O Panóptico é um grande texto político, sobre o qual Michel Foucault assinalou a importância: não se poderia fazer melhor.

3 comentários:

jack, o estripador disse...

toda essa parafernalha eletrônica (câmeras etc.) tem por objetivo colocar os indivíduos sobre uma hipotética e constante vigilância...

fomentando, através desses ferramentais tecnologicos, "corpos dóceis, mentes vazias, corações frios" (ierecê rego beltrão, editora imaginário)

Anônimo disse...

Bom trabalho !!!

Ótimas fontes de pesquisa.

Fernanda Alencar, SP

Anônimo disse...

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Foucault,(1997):

É polivalente em todas as suas aplicações: serve para emendar os prisioneiros, mas também para cuidar dos doentes, instruir os escolares, guardar os loucos, fiscalizar os operários, fazer trabalhar os mendigos e ociosos.